Inverno é sinónimo de aconchego.
No Verão, puxamo-nos para o exterior, ficamos mais perto da natureza e das pequenas maravilhas da criação. Ouvir solfejos, gorgeios e piu pius, muitas vezes, faz a diferença no meu dia.
No Verão a alma acorda com o sol e vagueia pela nossa casa.
No Verão os sonhos sonham-se de dia.
No Verão o dia entra pela noite e desperta cores e cheiros
mais vivos, mais intensos, que vão mais longe.
No Verão o tempo não dá para tanta vida.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Como quem num dia de Verão abre a porta de casa
E espreita para o calor dos campos com a cara toda,
Às vezes, de repente, bate-me a Natureza de chapa
Na cara dos meus sentidos,
E eu fico confuso, perturbado, querendo perceber
Não sei bem como nem o quê...
Mas quem me mandou a mim querer perceber?
Quem me disse que havia que perceber?
Quando o Verão me passa pela cara
A mão leve e quente da sua brisa,
Só tenho que sentir agrado porque é brisa
Ou que sentir desagrado porque é quente,
E de qualquer maneira que eu o sinta,
Assim, porque assim o sinto, é que é meu dever senti-lo...
Fernando Pessoa
No Verão os sonhos sonham-se de dia.
No Verão o dia entra pela noite e desperta cores e cheiros
mais vivos, mais intensos, que vão mais longe.
No Verão o tempo não dá para tanta vida.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Como quem num dia de Verão abre a porta de casa
E espreita para o calor dos campos com a cara toda,
Às vezes, de repente, bate-me a Natureza de chapa
Na cara dos meus sentidos,
E eu fico confuso, perturbado, querendo perceber
Não sei bem como nem o quê...
Mas quem me mandou a mim querer perceber?
Quem me disse que havia que perceber?
Quando o Verão me passa pela cara
A mão leve e quente da sua brisa,
Só tenho que sentir agrado porque é brisa
Ou que sentir desagrado porque é quente,
E de qualquer maneira que eu o sinta,
Assim, porque assim o sinto, é que é meu dever senti-lo...
Fernando Pessoa
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