Finalmente, resolvi recomeçar as caminhadas. Saí de casa, já os últimos raios de sol se avistavam na serra. Depois de tantos meses, tudo me pareceu igual, os cães no mesmo sitio a ladrar, o barulho do arrumar de pratos, e de crianças a brincar.

Através do meu pensamento, disse às árvores que me viam passar. Ah, amigas, quantas coisas já se passaram na minha vida desde que por aqui passei pela ultima vez. Foi tanta coisa que aconteceu, que nem sei como vos dizer. As folhas livres e soltas, a brincar ao sabor do vento, disseram qualquer coisa. Só o barulho dos meus passos, e a pressa com que seguia me impediram de escutar.

Mais à frente, já na hora do crepúsculo, a bicharada nos montes cantava o hino da alegria. As rãs, os grilos e as cobras, afinavam as gargantas em estrondosas sinfonias. Aos ziguezagues, saiu de um arbusto um pássaro a perseguir um insecto, para logo se banquetear à hora do jantar.

Ao entrar em casa, já a noite tinha caído e a lua quase cheia, linda e majestosa, brilhava lá no céu.