A minha Lista de blogues

domingo, julho 29

Reinventar-se

 Como que por magia, a noite seguiu ao dia tudo à volta dormia, tudo ficou sossegado. Debaixo da folha grande, no sítio mais indicado, a borboleta mais bela, dava os últimos retoques, para cumprir a missão, levar a beleza ao mundo, passear por todo o lado. O novo dia brilhou a nossa amiga espreitou viu que tudo era bom despediu-se do casulo lá seguiu aos ziguezagues. Receosa, ensaiou diversos voos tudo com muito cuidado não fosse o vento arrastá-la para algum precipício algum bosque mal cuidado. Atravessou verdes prados, eram tão bons os odores, tão bonitas as flores, sentia-se em liberdade. Viu homens a trabalhar, os carneiros a pastar, bois enormes ajudar, na labuta o lavrador.  
Junto à sebe verdejante, muito havia a explorar, mas ficou junto à janela lá ficou a planar. Aproximou-se da vidraça de perto a observar a moça dos olhos pretos estava a esperar.
Através do seu olhar, conheceu-lhe a identidade, era uma filha do Deus que criou a humanidade. No fundo da sua alma ouviu sinos a tocar. Um dia, pensou. Também ela, para se reinventar, terá que sair dali carregada de humildade, domesticar suas feras num reino de eternidade.
 Eu não! Dizia ao louva deus que a acabava de encontrar, a matéria não me pesa, morro e volto a nascer, para me regenerar. A uns metros de distância no terreiro junto à fonte em grande alarido as crianças gritavam ”louva a deus, louva a deus ergue as mãos para Deus”.
  Uns metros à sua frente a borboleta de três asas e o louva deus deliciavam-se com o néctar dum cato gostoso e perfumado nascido nas fendas dum rochedo escarpado. Que mundo interessante havia de conhecer, de mascaras espalhadas tanta história para ler.
Num repente, sentiu que algo se passava, vinda dos altos rochedos, uma estranha ventania se levantava. Olhou para o horizonte viu tempestade no ar. As rosas perto de si já se estavam alagar. Lembrou-se que era efémera, teve que se apressar.
Numa marcha irritante, em sinfonia berrante, andavam vespas pedantes, besouros impacientes. Esse vai e vem, começou a incomodar, tanta transitoriedade a haveria de magoar.
Era efémera bem o sabia, pela primeira vez tomou consciência disso, não era esse o motivo que deixaria de fazer valer o seu amor, curar a alma de alguém, despertar um sonho antigo.
 Parada a meditar chegou à conclusão que algo haveria de arranjar. Já tinha ouvido falar sobre a existência duma partitura com uma folha de dez compassos, composta por um sábio consagrado há já milhares de anos.  
A melodia não é alegre nem triste é preciso muita disciplina para a executar. Nos quatro cantos do mundo, foram poucos os que souberam criar sons melodiosos. A grande maioria só soube desafinar. Os que a conseguiram tocar com os olhos a brilhar, ouviram os peregrinos nos pátios dos templos sagrados, as árvores, peixes e pássaros em todo o lado e no final ganharam a eternidade.
Que história linda! Pensou
Voou, procurou, nada viu nada escutou. Já desanimada encostou-se ao muro duma casa. Um vento quente, trazendo consigo o perfume eterno das tílias e das cerejeiras em flor chegou. Música a tocar no seu coração escutou. Uma lágrima rolou e a alma limpou. Uma voz veio ensinar. Só para servir causas nobres vale a pena procurar. Tinha muito que viver muito ainda para andar, um dia de cada vez até o vento a levar.
F.M.

quarta-feira, julho 4

PATTI SMITH - Constantine's Dream.wmv

Monte dos Fornos

I
“Fornelos é uma freguesia localizada a 2 km da sede de concelho Fafe. Tem indícios de uma antiguidade e de vivência pré-histórica, como o testemunha o núcleo megalítico do monte de Fornos". Infelizmente, de entre os mais jovens fornelenses, poucos tiveram acesso às mamoas visto terem sido encerradas já alguns anos por tempo indeterminado. A placa colocada num pinheiro manso à entrada, embora esteja em bastante mau estado de conservação devido à ferrugem, ainda se percebe as letras “encerradas por tempo indeterminado”. No entanto é muito proveitoso o passeio ao local pela pureza do ar e pelo contacto com a natureza, que encontramos no seu estado mais puro. Na beleza da paisagem e dos jardins silvestres floridos, de várias paletas de cores, é de salientar a predominância do amarelo dos codessos gigantes que aí cresceram de forma estratégica, para impedir visitas indesejadas ao núcleo. Segundo consta, o motivo de tão apertada vigilância deve-se ao facto da possibilidade de ladrões de túmulos se tentarem apropriar de alguns restos mortais dos nossos antepassados, encontrados pelos arqueólogos ainda em muito bom estado de conservação. Como é sabido esses indivíduos fazem-se passar por arqueólogos e começaram a mover-se em locais como o antigo Egipto. Devido á globalização, actualmente estão espalhados um pouco por todo o mundo. Ao longo dos tempos, testemunhas oculares, em especial os lavradores que durante a noite se deslocavam pelos montes a ir buscar a água das poças para regar os campos, dizem ter testemunhado estrelas cadentes que visitam o núcleo megalítico do monte de Fornos em datas apropriadas. Os que acreditam em divindades, na vida do além, garantem que o núcleo megalítico se encontra fortemente protegido por guardiões mandados para o local por um velho, a que dão o nome de senhor do tempo. A grande maioria dos mortais não os consegue ver a olho nu. Alguns, muito poucos conseguem ver, mas só através dos olhos da alma. Eles existem para promover a paz e harmonia. O seu poder e autoridade são inquestionáveis. No entanto, as opiniões dividem-se e ao certo ninguém sabe. Os mais cépticos afirmam que o encerramento se deveu a fortes suspeitas de que o local estivesse a servir de poiso aos traficantes de estupefacientes. Os utensílios encontrados nas imediações levaram a essa conclusão.
II
Morava perto da escola de panelada uma senhora de idade avançada que era conhecida pelo nome de “Calrroa Velha” devido à sua longa idade. No intervalo das aulas íamos a correr beber água à fonte do terreiro do fidalgo. Na vinda, encostadas ao muro do seu quintal, ficávamos a ouvir a anciã que sempre tinha algo para contar. Contava histórias do barba azul que seduzia mulheres belas e jovens para depois as matar. Um sorriso maroto afagava-lhe o rosto, ao pensar que à noite, antes de dormir, iriamos esconder a rosto debaixo das mantas até sentir falta de ar com medo da barba azul. Pois bem, ela dizia ser do seu conhecimento, que no tempo dos carvalhais, o núcleo megalítico do monte de Fornos atraía muitos forasteiros a Fornelos. Chegavam de longe, montavam as tendas e pernoitavam debaixo dos carvalhos seculares. Logo pela manhã iam à fonte do terreiro, para se lavar por fora e por dentro. Traziam água para o café, que tomavam em círculo à volta da fogueira. Depois de apagado o fogo, dirigiam-se à capela da Luz para cumprirem a promessa de rezarem um rosário de três terços à Virgem. Finalmente, seguiam a cantar encosta acima, a visitar as mamoas do núcleo megalítico do monte de Fornos. Chegados ao local ficavam respeitosamente em silêncio, homenageando, cada um à sua maneira, o mundo dos mortos.
F.M.

domingo, julho 1

Codessos em flor

 Em busca das mamoas perdidas
  No mundo dos codessos em flor
 Numa ultima tentativa de as encontrar
  Vieram estes valorosos investigadores ajudar
 Amy Mikas e o seu amigo Jerry
 De muito procurar, para descansar
 Os eucaliptos e outras flores ficamos a cheirar
 A noite chegou
  Lá em cima um centauro com um molho de silvas às costas de avistou
 Era hora de voltar, sentir o mundo através do nosso olhar
   Sentimentos amorosos estavam a observar
 Outros furiosos a gritar
 Tristes abandonados a chorar
No final da viagem/ estavam a comentar/ o passeio foi tão bom/ havemos de lá voltar