A minha Lista de blogues

segunda-feira, dezembro 19

Regresso a casa






sexta-feira, dezembro 16


RURALIDADES

 

Na casinha branca, coberta pelo luar, a linda pastora acabara de se deitar. Precisava descansar, pois queria sair cedo, arranjar um bom lugar, nas Feiras Francas, para vender os queijos, que andou a preparar. 
 Para tudo correr bem, vender sem regatear.

 

Sofria pelas mulheres, que ao ver as horas passar, os feijões, os ovos a ficar, de braços estendidos quase a suplicar.
“Freguesa, leve por aquilo que quiser dar, quero apanhar a carreira, o tempo está a passar”.


Manhã bem cedo, a alvorada a espreitar, bateu-lhe no rosto, ajudou-a a despertar. Depressa se arranjou partindo ravina abaixo, feliz ia a trautear. À esquerda e à direita descendo devagar, para não escorregar, nas pedras que a chuva de Maio tinha andado a arrastar, sentiu atrás de si qualquer coisa a farejar. Voltou-se, era o seu cão, aos pulos a saltitar.
Bem lhe fazia ameaças, para o rafeiro voltar, mas ele, teimoso, aparecia logo à frente, com o rabo abanar. Sem mais tempo para o escorraçar, ergueu o braço, para carreira que se estava aproximar. Colocou o cesto na mala, enquanto o safado do cão, por entre as pernas do povo, arranjou a se enfiar. Para não o entregar, ao cobrador que se estava aproximar, fez-lhe sinal com o dedo para ele se calar. À entrada para os saudar, estava um arco com letras grandes a destacar. SEJAM BEM-VINDOS/ AS FEIRAS FRANCAS VÃO COMEÇAR. Enquanto a camioneta ia andando devagar, olhava pela janela, pensativa a observar, a vida que à sua volta não parava de girar. Com o destino prestes a mudar; vitelas, cabras, ovelhas, seguiam atrás do dono pelas bermas sem exitar.Com cestas de cerejas, frescos legumes acabados de apanhar, chegavam mulheres alegres, mesmo vindo a transpirar. 
 Cabeçudos, trampolineiros,  o rancho  já se ouviam as concertinas, mais ao longe a tocar, davam alegria à Feira, foguetes a estourar.
 Cestinhas, carroceis, tendas com roupas, carteiras, colares e anéis para quem quisera comprar, um festival para os olhos de quem ia apreciar.
O cão escondido, com medo de se mostrar, levantou-se encostou o focinho, também queria espreitar.
 Horas depois de chegar, feliz com o dinheiro que acabara por ganhar, a pastora pensou em se divertir, começou a passear. Junto de um amigo que acabou por encontrar, comeu tremoços, castanhas acabadas de assar. Depois juntamente com o cão que ficou de lado a espreitar, na tenda do fotógrafo, atrás das figuras que estavam a representar, tiraram um lindo retrato para mais tarde recordar.
Quando chegou a casa com trocos para guardar, já a noite se estendia, ao som dum belo luar.


 F.M

 

Pelos caminhos de Dezembro


 Antes das notas melodiosas
começarem a voar
aqui ali, no silencio
tic tac corações a  badalar.

 Ali bem perto
Aos pés da Mãe
Anjinhos
Não paravam de brincar          

 Depois de começar o rufar
Do fundo dos tempos
A voz de Deus
Num trovão
se começou a expressar

 A montanha de nove bocas
 No seu interior com a joia a jubilar
Sentiu
Naquele instante
 sua alma descansar 

Dezembro




Depois da lenha queimada

Ia para cama ensonada

sonhava que era uma fada

depois acordava
e não era nada




Existiu o antes
agora vem o depois

a vida não acaba

Anda o dia atras da noite

como o carro atrás dos bois

 
Quando o tempo melhorar

 à minha horta irei  voltar

 algumas sementes quero semear

conto com o Divino para me inspirar

   amar, ser amada

pensar no bem

 ou não pensar em nada

esteja a terra seca ou molhada

com sol ou chuva ,  mesmo trovoada
só o vento forte
me deixa assustada

  
 
 

 

Sou fotografo pequeno
E não ando na gandaia
Tiro fotos nos caminhos
Nas avenidas, nas praias

 
Tiro  fotos aos petizes
De lindas cabeças loiras
Tiro ao varredor de rua
Às meninas casadoiras

 
Esteja alegre ou triste
Gosto de fotografar
Fotografia sem rolo
É fácil de revelar

 
E todos dão um sorriso
Pra mais tarde recordar
Só preciso ter mão firme
P`ró rosto não entortar