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quarta-feira, novembro 2

Fieis Defuntos

O QUE DIZ A MORTE
Deixai-os vir a mim, os que lidaram;
«Deixai-os vir a mim, os que padecem;
E os que cheios de mágoa e tédio encaram
As próprias obras vãs, de que escarnecem...

Em mim, os sentimentos que não saram,
Paixão, Dúvida e Mal, se desvanecem,
As torrentes da Dor, que nunca param,
Como num mar, em mim desaparecem.»

Assim a Morte diz. Verbo velado,
Silencioso intérprete sagrado
das cousas invisíveis, muda e fria,

É, na sua mudez, mais retumbante
Que o clamoroso mar, mais rutilante,
Na sua noite, do que a luz do dia.
ANTERO DE QUENTAL

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