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quarta-feira, fevereiro 16

Poeta Popular

Maximino Freitas
Abalei estrada abaixo, desde a minha casa aqui no alto do Monte, até à casa do Sr. Maximino que fica ao fundo da freguesia no lugar de Paçô, perto do rio, rodeada de árvores, campos verdes e regatos de água, para lhe pedir que me passasse para o papel alguns dos poemas que ele tem memorizado e que declamou à uns anos atrás quando fomos ao Santuário de Fátima, a um encontro missionário. Escolhi uma tarde chuvosa para a visita, segredei aos meus botões ser essa a melhor altura para o encontrar por casa. Talvez, à porta ou à janela à espreita da chuva abrandar para voltar às lides como fazia o meu avô, também ele um homem do campo. Meu dito meu feito, não encontrei o Sr. Maximino atrás da janela, mas a tratar da ração do gado...

Poeta Popular
Natural de Santa Comba de Fornelos, residente no Lugar de Paçô, Maximino de Freitas completou no dia 5 de Outubro 71 anos de idade.Trabalhou na Fábrica de Ferro, como nos diz em algumas das suas poesias. Actualmente ocupa o seu tempo em todo o tipo de trabalhos ligados à agricultura. O trabalho da lavoura é para ele fonte de inspiração. A sua poesia é criada em reacção a acontecimentos da sua vida pessoal e guardada na memória para ser recitada e não lida. Maximino de Freitas quando em criança entrou para a escola já sabia ler e escrever, tendo aprendido sozinho através duma folha de jornal,como contam os seus familiares e amigos.

19 de Janeiro,
houve uma certa tristeza
pela má situação
que atravessava a empresa.

Chegamos lá às 10 horas,
já estava tudo parado,
e a falta de algodão
foi que deu o resultado.

Chegou na cabeça a muitos
um certo mau pensamento:
fizemos limpeza às máquinas
só para passar o tempo;

E andávamos entristecidos,
sempre com poucas melhoras;
nunca mais se passava a noite,
nunca mais eram seis horas.

Se isto continuar,
não sei como há-de ser,
se não vier algodão,
nós não temos que fazer.

Uma semana de férias
foi o caso a tomar,
até vir o algodão
e podermos continuar.

Ai, ai , que má situação,
tanta gente parada por
falta de algodão e
as maquinas paradas
sem darem a produção.

Dia nove de Fevereiro,
começamos outra vez,
e a seguir dia doze,
eles pagaram o mês.

Para alguns isso foi
motivo de alegria,
alguns estavam à rasca
com a carteira vazia
1988

Maximino Freita

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