A rapariga X e o rapaz Y foram possuídos por um súbito desejo de aventura. Resolveram pedir ajuda a um Velho Sábio que ajudasse a realizar uma viagem ao passado, numa máquina construída pelo Senhor do Tempo. Inspirados pelos romances antigos, escolheram como destino a Idade Média. A viagem seria efectuada num curto espaço de tempo mas tudo seria maravilhoso. Ele iria fazer serenatas e atirar rosas pela janela. Ela apareceria sorridente a corresponder a toda paixão. Os dois iriam percorrer trilhos e fazer caminhadas, comendo amoras pelo caminho. Ao fim do dia veriam junto o pôr-do-sol. A viagem já tinha partida com data marcada. Teria inicio à meia-noite, quando o relógio da torre da Igreja batesse as doze baladas.
O rapaz era pioneiro, valente, dinâmico, um tanto impulsivo, mas gostava de apoiar as boas causas. A rapariga era gentil e educada, andava muito na corda bamba e balançava ora pra lá, ora pra cá. Era dúvida, ponderação e muitos pontos de interrogação. Deslumbrava-se e via um pouco da sua alma em tudo que existia. Durante o caminho, passou muito tempo a olhar as estrelas e a conversar com elas. De modos que se distraiu. Ao chegar ao local indicado o controle estava encerrado e o rapaz, que não gostava de esperar já tinha partido. A rapariga ficou um bocadinho triste. Ela não não podia, não queria ficar sozinha.