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sexta-feira, outubro 1

Dia Mundial do Idoso

Félix Sousa Lopes, com 98 anos de idade, é utente do Lar Cónego Leitede Araújo, da Misericórdia de Fafe. Com a sua já longa vida, muitas são as historias que tem para nos contar e surpreender com a sua inteligência e capacidade de raciocínio. Durante uma conversa perguntei-lhe que lembranças tinha da 1ª Republica. Com a palma da mão virada para a frente e à altura do ouvido, como que um auxiliar paraouvir melhor, respondeu: "Quem implantou a Republica em Portugal foi oBernardino Machado e não era português!" Então, perguntei como foi isso possível, ao que me respondeu: "Nasceu no Brasil, ora essa!" E aguerra 14-18 como foi Sr. Félix? "Isso foi o Afonso Costa, outro presidente da 1ª Republica, que vendeu os nossos homens para lá.Vinham com a pulmonária magrinhos, que aquelas pólvoras deram cabo deles. A guerra durou quatro anos, e foi ganha por um português, um artilheiro de Chaves, até foi elogiado pelos próprios Alemães por estar a combater sozinho. Os portugueses recuaram, mas ele como estava entrincheirado não pode fugir. Ficou a chamar-se o milhões por ter matado milhões de adversários. Foi condecorado com a medalha Torres Espadas". E esse episódio da morte do rei, como foi Sr. Félix? "Quem matou o Rei foi o Buiça". A mando de quem? "O quê? Amante de quem?" A mando de quem S.r Félix? "Há! Foi o Afonso Costa. Na 1ª Republica,chegou a não haver dinheiro, era tudo por senhas, que um banqueiro chamado Reis arruinou a banca". Dez pessoas com 16 kg de farinha por semana, disse a D. Antónia na cadeira ao lado. Os presidentes de câmara e os regedores, vinham buscar tudo para mandar para a guerra. Ela está a trocar tudo, disse o Sr. Félix, isso foi na segunda guerra no tempo do Salazar. Quando pedi autorização ao Sr. Félix para publicar no jornal respondeu: ”Pode, à vontade, eu também sou cinéfilo, e um homem que gosta das artes. Fiz parte dos fundadores do Grupo Nun´Álvares, era o presidente. Não se esqueça, é Félix com x".
Também perguntei ao padre Albertino, com 90 anos de idade, que se encontrava por perto o que pensava da 1º Republica, e a resposta foi:"Ui!!!Ui!!! Foi muito mau. Mataram o Rei! O filho do Rei! E a maior parte do clero teve de fugir. Olhe, o pároco da minha terra era umapessoa de bem e por isso muito respeitado, não mexeram com ele, mas ajudou muitos a fugir".


A qualidade de vida de Amélia Fernandes alterou-se significativamente desde que se mudou de malas e bagagem para o Lar da ACR de Fornelos. Nos primeiros tempos ainda chegou a sonhar com um príncipe encantado, mas agora com 90 anos de idade chegou à conclusão que já são todos velhos de mais para ela. Com uma vida difícil e alguns problemas de saúde, Amélia aos cuidados do pessoal do ACR rejuvenesceu. Durante a conversa disse-me o segredo para ter uma vida tranquila no lar e quais as regras a serem cumpridas. A primeira é tentar sempre dar-se bem com todos. “Chamam-me para as refeições eu vou; chamam-me para alguma cerimonia, também vou”. Por entre duas gargalhadas também me confessou que remédios não toma. “Uma vez o medico receitou-mos mas eu não os tomei”. Mas admitiu que quando precisar, e estiver muito doente, os toma. Falou do respeito que tem pela fundadora do lar, D. Rosa MariaPinheiro.”Tenho muito respeito pela D. Rosinha, ela é muito nossa amiga”. Sentada no seu sofá, num local estratégico com boa visibilidade para a porta de entrada a tia Amélia está a passar uma das melhores fases da sua vida.

Maria Filomena Magalhães
in Jornal Povo de Fafe (1/10/2010)
Amélia Fernandes 90 anos de idade, ACR de Fornelos


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