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terça-feira, outubro 19

Água

Eu peixinho de Rio, já em idade escolar fui visitar o Mar. Diante do infinito liquido, meus olhos de rio tentavam compreender o que estava a ser visto. Peixinho de dar pena que eu era, queria escrever e reter tudo que via, para compartilhar com outros peixinhos o que sentia.

"Eu a tomo, a água da Vida. Eu a declaro água da Luz. Quando a trago para dentro de meu corpo, Ela faz com que meu corpo resplandeça.

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos).

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes.
Fernando Pessoa

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